Um rapaz não conseguia dormir, porque não parava de
pensar na rapariga ruiva de quem gostava. Ele sonhava ganhar a corrida de final
de ano e que ela lhe entregasse o prémio.
No dia da corrida, ele acordou com uma grande borbulha na
cara. A mãe tentou tranquiliza-lo, mas ao dizer que ela podia ter aparecido por
ele não comer carne nem peixe, ainda o deixou mais perturbado.
A caminho da escola, no autocarro, sentou-se a seu lado
uma mulher muito gorda, que o incomodou muito com histórias medonhas acerca de
borbulhas e por lhe dizer que ele tinha uma erva no coração, o que significava
que ele era uma das raras pessoas que respeitavam a natureza. Então o rapaz
olhou à sua volta e reparou que havia tantas pessoas com nomes de animais, de
plantas e de lugares que dava para faze um mundo só com elas.
Na corrida, ele chegou a estar em 4º lugar, mas ficou tão
cansado que pensou em desistir, mas surgiu-lhe uma força inesperada que o fez
ganhar. Tudo se passou como ele sonhara até à altura em que ela lhe ia contar
algo. Aí, ele sentiu-se estranho, e deu por si transformado num hipopótamo, que
assustou a rapariga, e foi transportado para o zoo.
Lá, ele foi admirado por muitas pessoas e até pelos seus
pais e por um rapaz que era ele próprio, que lhe falou numas asas.
Então, o hipopótamo ficou de novo com aquela força
especial, ganhou asas e sobrevoou a cidade até chegar a um rio, onde estavam
mais hipopótamos. E foi aí que pensou que poderia ter sido sempre um hipopótamo
e o seu sonho seria ser rapaz.
Entretanto, apaixonou-se por uma hipopótamo-fêmea, mas
quando se preparava para lutar por ela, foi chamado pelo Grande Hipopótamo. Ele
falou-lhe na Grande Mãe e contou-lhe também a história dos hipopótimos, que são
os rapazes que têm de aprender uma lição sobre os outros animais,
transformando-se num hipopótimo, ficando assim a ouvir a música e a participar
da dança. Os outros humanos não dão por nada, porque os que têm a tal erva são
substituídos por um hipopótamo, que se transforma numa pessoa igual.
Depois, ganhou asas de novo e voou até ao telhado da casa
da rapariga ruiva, onde estava o rapaz a escorregar numa grande aflição. Ela
acordou e tentou salvá-lo, mas também escorregou. Subitamente apareceu a
hipopótimo-fêmea e ele acabou por descobrir que ela era a hipopótimo daquela rapariga
e que ela lhe queria dizer que sabia que era ele quem lhe escrevia as cartas.
Entretanto, o rapaz salvou a rapariga e estava quase a
beijá-la. Foi então que os hipopótimos regressaram ao corpo deles. Ela disse-lhe
que se iriam esquecer de tudo e recordar o que aconteceu apenas como um sonho.
E, por fim, beijaram-se.
09-05-2013