Nesta história, há um marinheiro que, por ser muito
distraído, perde o barco todos os dias, e então fica no cais a olhar a lua. Um
dia, descobre que ela é um barco e resolve partir para “sítios, indistintos e
distantes”
António Pina, A História da Lua e do Marinheiro
- Achas que ele terá viajado até à Antártida?- interrompi
eu, muito curiosa.
- Sim, de certeza que ele viu os icebergues e os pinguins
com o seu fato de cerimónia preto e branco. – concordou o escaravelho. – Mas
deve ter sentido muito frio e, por isso, talvez tenha ido até ao Brasil
participar no Carnaval ou conhecer a maior floresta do mundo – a Amazónia.
- Também poderia passar perto dos gigantescos embondeiros,
em Madagáscar, e brincar às escondidas com aquelas meninas que gostam de andar
com lémures às costas.
- Ou então, procurar uma grande catedral gótica, como a de
Colónia, na Alemanha, e subir a uma das suas torres, que têm 157 metros de
altura. Aposto em como o marinheiro encontraria luas nos seus vitrais e nas
suas cúpulas.
- Já agora, também podia escalar as montanhas da Sibéria e
depois descansar no palácio de Santa Catarina. – Sugeri eu, entusiasmada.
- Onde ele descansaria mesmo bem era numa praia da
Austrália. – Defendeu o Escaravelho.
- E se se distraísse a observar os surfistas, até poderia
descobrir que eles usam umas luas para furar as ondas. Acho que até se tornaria
um marinheiro surfista!